terça-feira, 23 de setembro de 2014

Refugiados árabes da Palestina... de quem é a culpa?



Ismail Haniyeh, líder do Hamas, mostra um mapa onde Israel é substituído por um fictício estado árabe "palestino"


A guerra de independência de Israel se divide em duas partes: violentos combates começaram horas após a votação nas Nações Unidas aprovando a partilha da Palestina em 29 de novembro de 1947 e duraram até a véspera da evacuação britânica em 14 de maio de 1948. Já o conflito internacional começou no dia 15 de maio (um dia após a criação de Israel), quando cinco exércitos árabes invadiram o estado judeu. As hostilidades continuaram até janeiro de 1949. 

A primeira fase do conflito consistiu, principalmente, em uma guerra de guerrilha. A segunda, em uma guerra convencional. Mais da metade (entre 300.000 e 340.000) dos 600.000 refugiados árabes fugiu antes da evacuação britânica, a maioria no último mês.
Os árabes da Palestina fugiram devido a uma grande variedade de circunstâncias e por diversas razões. Os comandantes árabes ordenaram aos não combatentes que saíssem do caminho das manobras militares e ameaçavam retardatários com tratamento dispensado a traidores caso ficassem. Eles ainda exigiam que as aldeias fossem evacuadas a fim de melhorar seu posicionamento no campo de batalha e prometiam aos residentes que eles voltariam sãos e salvos em questão de dias

Em um programa onde conversa com ouvintes, Ibrahim Sarsur, o líder do movimento islâmico, fala sobre os refugiados árabes e, junto com o ouvinte que liga de Gaza, culpa os líderes árabes pelo problema. 
Programa de TV exibido em 30 de abril de 1999, no canal do Fatah, da Autoridade Palestina:

Ouvinte de Gaza: Sr. Ibrahim, dirijo-me a você como um muçulmano. Meu pai e meu avô me disseram que durante a "catástrofe" (o estabelecimento de Israel), o oficial de nosso distrito emitiu uma ordem dizendo que quem ficasse na Palestina e em Majdel (no sul de Israel, perto de Ashkelon) é um traidor, ele é um traidor...
Ibrahim Sarsur: Eu não quero culpar aquele que causou essa situação, mas somos forçados a lidar com essa situação.
Quem deu a ordem os proibindo de ficar lá carrega a culpa por isso nesta vida e na próxima.

Algumas comunidades preferiam fugir a assinar um armistício com os sionistas; nas palavras do prefeito de Jaffa, "eu não me importo com a destruição de Jaffa desde que consigamos a destruição de Tel-Aviv".


  • Agentes do mufti atacaram os judeus com o propósito de provocar hostilidades 
  • Famílias com recursos fugiram do perigo. Quando os inquilinos agrícolas ouviram que os proprietários seriam punidos, ficaram com medo de serem expulsos e se anteciparam abandonando as terras. 
  • Hostilidades mortíferas impediram qualquer planejamento:  a escassez de alimentos e de outros bens de primeira necessidade se espalhou. Serviços como estações de bombeamento de água foram abandonados. --- O medo de pistoleiros árabes se alastrou, assim como rumores de atrocidades dos sionistas.
  • Em apenas um caso (Lydda), os árabes foram forçados a sair pelas tropas israelenses. A singularidade desse evento merece ênfase. O historiador Efraim Karsh explica acerca de toda a primeira fase da batalha: "Nenhum dos 170.000–180.000 árabes que fugiram dos centros urbanos e somente um punhado dos 130.000–160.000 aldeões que deixaram seus lares, foram forçados a sair pelos judeus".

A liderança palestina desaprovava o retorno da população, vendo nisso o reconhecimento implícito do nascimento do Estado de Israel. A princípio os israelenses estavam dispostos a aceitar o retorno dos deslocados de guerra, mas depois endureceram sua posição a medida que a guerra progredia. O Primeiro Ministro Ben-Gurion explicava seu modo de pensar em 16 de junho de 1948: "Esta será uma guerra de vida ou morte e [os deslocados de guerra] não devem retornar aos lugares abandonados. . .  Nós não começamos a guerra. Eles começaram a guerra. Jaffa começou a guerra contra nós, Haifa começou a guerra contra nós, Beisan começou a guerra contra nós. E eu não quero que eles comecem uma guerra novamente".
Resumindo, explica Karsh, "foram as ações dos líderes árabes que condenaram centenas de milhares de palestinos ao exílio".

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