sábado, 16 de agosto de 2014

Porta-voz do Hamas confirma que só trabalham em Gaza jornalistas que aceitam repetir a narrativa do grupo; cobertura da Globo feita por Rodrigo Alvarez deixa de ser jornalismo e se torna relações públicas de um grupo terrorista

Em entrevista ao canal libanês Mayadeen, a porta-voz do Ministério da Informação do Hamas, Israa al-Mudallal, afirma que o Hamas controlou todo o trabalho jornalístico produzido em Gaza e que os jornalistas que se desviaram das diretrizes do grupo foram deportados do território. Essas afirmações mostram como a imprensa ocidental -- e a Globo em particular -- abriu mão de suas obrigações jornalísticas e se transformou em relações públicas de um grupo terrorista. 

Apenas uma equipe indiana (da NDTV) publicou informações sobre o lançamento de foguetes entre civis feitos pelo Hamas em Gaza.

 

Tradução:

Apresentador: Como você conseguiu manter contato com jornalistas estrangeiros e como você transmitiu seu ponto de vista para eles?

Porta-voz do Hamas: Desde o início da agressão contra a Faixa de Gaza, um estado de emergência foi declarado nas fronteiras, especialmente na passagem de Beit Hanoun -- também conhecida como passagem de Erez -- e os jornalistas tiveram permissão para entrar sem nenhum procedimento burocrático, com a exceção de um registro para garantir sua segurança. 

Nosso problema foi que [não sabíamos] quem estava entrando na Faixa de Gaza. 
Quem eram eles? A maioria era freelancer, e os outros eram de agências de notícias.

Menos jornalistas entraram em Gaza nesta guerra do que nos conflitos anteriores, em 2008 e em 2012. Portanto, a cobertura feita por jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza foi insignificante quando comparada a cobertura dentro da "ocupação israelense" (Israel).

Além do mais, os jornalistas que entraram em Gaza estavam focados na noção de paz e na narrativa israelense. 
Então, quando eles conduziam entrevistas ou iam a algum lugar para noticiar, eles estavam focados em filmar locais de onde mísseis eram lançados, portanto estavam colaborando com a ocupação.

Esses jornalistas foram deportados da Faixa de Gaza. As agências de segurança saíam para conversar com essas pessoas. Elas davam algum tempo para que eles mudassem suas histórias, de um jeito ou de outro. 
Os foguetes israelenses não fazem distinção entre combatentes, civis ou crianças. Sofremos muito com esse problema.

Alguns dos jornalistas que entraram em Gaza estavam sob vigilância de segurança. Mesmo nestas difíceis circunstâncias, fomos capazes de chegar até eles e dizer que o que eles estavam fazendo não era jornalismo profissional e que era imoral.

Apresentador: Israa al-Mudallal, porta-voz do Ministério de Informação palestino de Gaza.
Muito obrigado.Você esteve conosco de Gaza via Skype. 

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